Do R7, com agências
O americano Glenn Greenwald, correspondente do The Guardian no Brasil, possui milhares de documentos repassados por Snowden
Sergio Moraes/Reuters
O jornalista Glenn Greenwald, do jornal britânico The Guardian, afirmou nesta terça-feira (6), em audiência no Senado brasileiro, que possui mais de 20 mil documentos secretos relacionados ao programa de espionagem norte-americano. Segundo ele, a espionagem eletrônica é feita não apenas por causa do terrorismo, mas também para dar vantagens industriais e comerciais aos EUA.
Correspondente do Guardian no Brasil, o norte-americano Greenwald foi o responsável por revelar ao mundo os programas secretos de interceptação de dados, vazados por Edward Snowden, ex-técnico da agência de segurança americana (NSA) e atualmente asilado na Rússia.
Greenwald foi convocado pela Comissão de Relações Exteriores do Senado para prestar esclarecimentos após reportagem de julho passado, do jornal O Globo, revelar que o Brasil fez parte de uma rede de 16 bases de espionagem operadas pelos serviços de inteligência dos Estados Unidos — as bases teriam interceptado milhões de chamadas telefônicas e correios eletrônicos.
Durante a audiência, o jornalista ressaltou que o governo dos EUA não possui controle sobre os funcionários que fazem a espionagem, nem sobre o que eles podem fazer com as informações sensíveis a que têm acesso — o que explicaria como Snowden conseguiu repassar-lhe milhares de documentos.
— Não contei com exatidão, mas ele [Snowden] me deu 15 mil, 20 mil documentos, bem completos e bem longos.
Espionagem industrial
O colunista do Guardian revelou aos senadores brasileiros que o NSA pede às empresas de telefonia e internet (como Google e Facebook) qualquer tipo de comunicação (como emails), e que as companhias fornecem essas comunicações sem qualquer questionamento. Nas últimas semanas, essas empresas já negaram a acusação, alegando que os dados são repassados somente com autorização judicial.
Segundo Greenwald, os EUA não usam essas informações apenas para se protegerem do terrorismo, mas também para obterem vantagens comerciais e industriais.
— Os artigos que temos publicado [até o momento] é uma porção bem pequena. Com certeza vai haver mais revelações sobre a espionagem do governo dos Estados Unidos e dos governos aliados (...), e como eles estão invadindo as comunicações nos sistemas do Brasil e da América Latina.
O jornalista afirmou ainda que, para espionar cidadãos americanos, “é necessário pedir autorização judicial, mas, para outros países e pessoas, não”.
A espionagem eletrônica realizada pelos Estados Unidos internamente e em vários países do mundo deu início a mais uma crise internacional do governo Barack Obama.
O ex-analista de inteligência Edward Snowden teve sua extradição solicitada por Washington por causa de suas revelações sobre a rede. Mas, em 1º de agosto, recebeu asilo temporário de um ano na Rússia, onde se encontra em um local seguro, segundo seu advogado.
Fonte: R7
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