EUA: Obamacare resultou em default

 

Um default nos Estados Unidos não é de maneira nenhuma um evento de âmbito local. Basta dizer que, entre os órgãos federais cujo trabalho pode ser interrompido devido à falta do dinheiro, constam também as embaixadas dos EUA no mundo inteiro, incluindo na Rússia.

Hoje, o governo dos EUA foi temporariamente encerrado. Veja fotos do Congresso
Já se tem praticamente a certeza de que o default será anunciado no dia 1 de outubro – isto é, hoje. 

Tal é o preço da confrontação entre o presidente democrata e os membros do congresso, - na sua maioria, republicanos, - por causa da reforma do sistema de saúde. A essência desta reforma consiste em fornecer seguros de saúde à maioria da população dos EUA, diminuindo o número dos que não têm nenhuma proteção em caso de doença.

Fazemos lembrar que nos EUA os médicos cobram muito dinheiro pelo tratamento, pois na maioria das vezes não são funcionários dos hospitais mas arrendatários, forçados a pagar o uso do equipamento e do recinto hospitalar. E o dinheiro para pagar tudo isso pode-se obter apenas dos pacientes ou das companhias de seguros.

Dona Smith, militante da organização "Saúde para Todos", revelou em entrevista à Voz da Rússia a causa do conflito:

"Sem dúvida, algumas pessoas serão beneficiadas... Isto diz respeito às pessoas mais pobres do nosso país, muitas das quais irão receber pela primeira vez na história pelo menos alguma coisa para cobrir as suas despesas médicas. É uma mudança para melhor. 
 
Mas a situação é muito menos radiante no tocante a pessoas que terão que trocar os antigos seguros por novos. Se o seu seguro de saúde não é pago pelo empresário e você próprio paga as despesas com a sua saúde, vai descobrir tanto mudanças para melhor, como para pior. Conta grossa, resulta um quadro misto."

Os adversários mais convictos da reforma são os republicanos da câmara baixa do congresso, que vêem nela o chamado "socialismo rastejante". Valendo-se do direito do congresso de determinar as despesas orçamentárias, eles recusaram-se de dar a Obama o dinheiro, destinado a pagar o trabalho das instituições públicas, afirmando que a dívida estatal já seria grande demais.

Mas a câmara alta, o senado, fiel a Obama, indeferiu a proposta da câmara baixa de adiar esta reforma por um ano. Foi depois disso que os EUA se viram perante a eminência do default.

Além disso, os republicanos propõem não gastar um único dólar do orçamento estatal para pagar os seguros de saúde dos membros da administração Obama e de outros dignitários, forçando-os a custear, da mesma maneira que todos, estes seguros do seu próprio bolso. Aliás, esta nova calamidade que desabou sobre o funcionalismo público pode alegrar somente as pessoas totalmente exacerbadas.

Eis a entrevista à Voz da Rússia de Eileen Edmonton, uma modesta funcionária do Departamento de Transportes em Washington. Os nossos colegas da capital estadunidense solicitaram-lhe que avaliasse a sua capacidade de resistir aos atrasos no pagamento do salário.

"Eu vivo entre um salário e outro. Se o salário não vier a tempo, terei uma conversa difícil com os credores, terei que buscar a solução do problema. Se os pagamentos do salário forem interrompidos por mais algum tempo, posso ter problemas já dentro de um mês. E dentro de uns quatro ou seis meses terei que enfrentar uma catástrofe financeira total."

Tem-se a impressão de que Obama resolveu num certo momento mostrar que é pessoa de caráter firme e adotou uma posição intransigente na confrontação com o congresso.

Aliás, convém não esquecer que, no mandato de Clinton, o orçamento dos EUA era superavitário. A dívida estatal cresceu no mandato de Bush júnior e do próprio Obama, o que se deve em grande parte às guerras travadas pelos EUA.Dmitri Babich
 
Fonte: http://portuguese.ruvr.ru/2013_10_01/eua...ault-6794/
Via: Fórum Anti Nova Ordem Mundial