Os analistas consideram que semelhante desenvolvimento dos acontecimentos tem bastante lógica: a posição rígida de partidos como a Frente Nacional francesa e o Partido da Liberdade holandês deverá travar o movimento da Europa rumo à excessiva tolerância, as capitais europeias estão preocupadas: os políticos atuais consideram que o nível crescente de euro-ceticismo e a popularidade das ideias de extrema-direita são a tendência mais perigosa para o futuro da UE.
 
 Semelhantes disposições podem conduzir ao "Parlamento mais antieuropeu" na história da União Europeia, está convencido, por exemplo, Enrico Letta, primeiro-ministro italiano.
 
 E a influência do Parlamento Europeu na vida da Europa unida não é tão pequena como é costume pensar-se. Este órgão, à primeira vista decorativo, não tem o direito de apresentar os seus próprios projetos-lei. Mas os deputados europeus aprovam o orçamento da União Europeia e têm até direito de chumbar projetos-lei da Comissão Europeia.
 
 Nas vésperas das próximas eleições, os peritos revelam os seguintes receios: baixa afluência dos eleitores e possível êxito dos eurocéticos e radicas.
 
 No que diz respeito à afluência, "seja o que Deus quiser". Mas quanto às disposições que tomam conta dos europeus nos últimos anos, elas obrigam a pensar. Marine Le Pen, dirigente da Frente Nacional francesa, encontrou-se em Haia com Geert Wilders, líder do Partido da Liberdade holandês. Ambos os políticos pretendem formar uma união de eurocéticos para as eleições para o Parlamento Europeu.

A ela podem juntar-se o partido belga "Interesse Flamengo" e o Partido da Liberdade austríaco. Os céticos apenas não aceitam na sua união o partido húngaro Jobbik: Wilders e Le Pen consideram-no extremista. Também o Partido da Independência do Reino Unido não deverá fazer parte da união da extrema-direita.
 
 Antes, Bruxelas olhava para as atividades dos nacionalistas e radicais como para jogos infantis. Porém, na nova situação, os burocratas europeus têm de levar a direita a sério, considera Leonid Gusev, perito do Instituto de Estudos Internacionais:
 
 "O principal partido nacionalista é a Frente Nacional em França, que, atualmente, segundo todas as sondagens, ocupa um dos lugares cimeiros nas intenções de voto para as eleições do Parlamento Europeu.

Tanto mais que Marine Le Pen, que dirige o partido há pouco tempo, conseguiu realmente dar nova força a essa organização: nos últimos anos, o partido obteve enormes êxitos em França. Por isso, poderemos deparar com uma nova correlação de forças no futuro Parlamento Europeu.

E isso poderá ter consequências muito interessantes para as votações no interior do Parlamento sobre questões atuais, desenvolvimento geral e tendências."
 
 Uns observadores consideram que semelhante desenrolar dos acontecimentos é bastante lógico: a posição firme da Frente Nacional francesa e do Partido da Liberdade holandês deve travar o movimento da Europa no sentido do caos da tolerância excessiva.

Segundo outros, a envergadura das disposições de protesto e nacionalistas nos países da UE são fortemente exagerados. Entre estes últimos está também Alexander Tevdoi-Burmuli, professor do Instituto de Relações Internacionais de Moscou:
 
 "Atualmente, a Europa está em crise. A crise económica, os problemas da imigração incentivam o voto de protesto em vários países europeus. Por isso, vemos o aumento brusco de popularidade dos radicais de direita e dos partidos anti-integracionistas, por exemplo, na Grã-Bretanha.

Porém, considero que não vale a pena empolar a envergadura desta onda e as suas posteriores perspetivas. A prática mostra que toda essa votação de protesto tem um quadro bastante estreito, que não ultrapassa um certo limite."
 
 Mas a União Europeia luta contra fenómenos de crise há vários anos. Nesta situação, normalmente coloca-se a questão da correção séria da estratégia. São necessárias medidas radicais mais rígidas e a obtenção de mandatos pelos deputados dos partidos europeus de direita é logicamente fundamentada.
 
 Alguns analistas estão convencidos de que a presença da direita no Parlamento Europeu deverá mudar a política estratégica no sentido do seu endurecimento. Depois das eleições, pode-se esperar medidas mais decididas para superar os problemas internos: desemprego, escândalos políticos, crise financeira e afastamento dos planos populistas de posterior alargamento da UE a Leste.
 
 Porém, carecem de fundamento os receios de alguns políticos influentes de que os eurocéticos farão do novo Parlamento Europeu o mais "antieuropeu" na história da UE.
 
 O ceticismo saudável ajudará a separar o trigo do joio. Julgamos que a deslocação da política do Parlamento Europeu para a direita, no sentido de um conservadorismo saudável, apenas reforçará a União Europeia.