Por Crispian Balmer
JERUSALÉM, 13 Ago (Reuters) - A dez minutos de carro do local reservado para
a retomada na quarta-feira do processo de paz do Oriente Médio, escavadeiras
israelenses estão ocupadas mexendo no terreno que os palestinos reivindicam como
parte do seu futuro Estado.
Moradias para colonos judeus estão surgindo em toda Jerusalém Oriental, e
vias importantes estão sendo abertas para dar acesso a assentamentos na
Cisjordânia ocupada. Israel acaba de autorizar a construção de 3.100 novos
imóveis nos territórios conquistados na Guerra dos Seis Dias, em
1967.
A incessante atividade numa terra que está no centro do conflito gera sérias
dúvidas sobre as chances de sucesso do novo processo de paz mediado pelos EUA,
após um hiato de três anos nas negociações, motivado justamente pela insistência
de Israel em construir novas casas para os colonos.
"A solução com dois Estados por enquanto é inalcançável", disse Dani Dayan,
ex-presidente da associação dos colonos judeus, argumentando que um eventual
acordo que fosse palatável aos palestinos seria inviável para os israelenses,
pois envolveria a retirada de um número muito grande de colonos.
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, principal artífice da retomada do
processo de paz, admite que esse é um problema grave, mas diz que há tempo para
resolvê-lo.
"O que isso salienta é a importância de irmos para a mesa, chegar rapidamente
à mesa", disse ele a jornalistas durante visita à Colômbia na segunda-feira,
comentando uma série de planos urbanísticos anunciados por Israel antes da nova
rodada de negociações.
Israel respondeu às críticas dizendo que os novos imóveis serão construídos
em áreas que o país pretende reter para si após um eventual acordo.
Mas as
cifras impressionam. Em 2010, quando os palestinos se retiraram das negociações,
havia 311.110 israelenses morando na Cisjordânia. Hoje, segundo a Rádio do
Exército, há 367 mil.
Levando-se em conta também Jerusalém Oriental, o número de israelenses
vivendo fora das fronteiras anteriores a 1967 chega a quase 600 mil. Poucos
deles estariam dispostos a deixar seus lares como parte de um acordo de
paz.
Após uma rodada inicial no final de julho em Washington, as discussões
começam para valer na quarta-feira num hotel de Jerusalém, contrapondo a
ministra israelense da Justiça, Tzipi Livni, ao mediador palestino Saeb Erekat.
O encontro seguinte, dentro de mais algumas semanas, está marcado para Jericó,
na Cisjordânia.
Fonte: Reuters Brasil
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