Presidente de comissão, brasileiro Paulo Pinheiro reclama de abusos e banalização da guerra.
Agência ANSA
O presidente da Comissão de Investigação das Nações Unidas, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, comentou hoje, em Genebra, durante a apresentação do relatório à Comissão dos Direitos Humanos, que tanto o governo sírio quanto os grupos rebeldes perpetraram uma grande quantidade de abusos no país.
"Esses crimes e abusos foram cometidos em especial no norte da Síria", acusou. Apesar de repudiar as ações dos rebeldes, porém, ele acusou o governo sírio de tortura. "A tortura é sistematicamente usada em centros de detenção do governo", comentou.
Para ele, a indignação da comunidade internacional não deve ser apenas com o uso das armas químicas, mas com o cotidiano de guerra por que passa a Síria. "A maior obscenidade na Síria não são os ataques químicos, que mataram entre duas mil e duas mil e quinhentas pessoas.
Há dezenas de milhares de mortos nos bombardeios, 100 mil, segundo cálculos. O horror não é apenas que a guerra tenha chegado outra etapa, mas que os bombardeios continuam", analisou, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.
Pinheiro considera positivo o acordo entre Estados Unidos e Rússia para que a Síria coloque seu arsenal de armas químicas sob a tutela da ONU. "Esse acordo tem de ser celebrado como passo decisivo para afastar o perigo de armas químicas no conflito.
Lembre como estávamos uma semana atrás, a um passo de ataque aéreo", avaliou na mesma entrevista. Ele ainda previu um conflito de difícil solução, dando a entender que o acordo político seria o mais indicado, devido às cisões que dividem o país. "
Apesar de o governo ter as Forças Armadas do tamanho das do Brasil, 350 mil efetivos, na realidade só um terço está operando, e sem condições de assegurar as defesas em todas as províncias do país. Os grupos rebeldes, por outro lado, estão divididos.
Para aumentar a confusão, há a cereja do bolo, os grupos ligados à [rede] Al Qaeda. Ainda tem as outras minorias, os cristãos de diferentes procedências, e 500 mil refugiados palestinos, hoje afetados pelo conflito. Diante de tudo isso, não há vitória possível. A única saída é uma negociação política", opinou. (ANSA)
Fonte: Jornal do Brasil
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